Petróleo e seus derivados
É chamada de refinaria de petróleo a instalação industrial construída com o objetivo de realizar a limpeza e o refino do óleo cru extraído, transformando-o em diferentes subprodutos derivados do petróleo, como combustíveis – gasolina, óleo diesel, gás de cozinha, querosene; lubrificantes – óleos e graxas; matéria-prima de anti-sépticos, fertilizantes, detergentes, ceras, aguarrás, asfalto, coque, diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene, querosene de aviação e mais uma série de produtos com destaque para o plástico.
O Brasil possui hoje catorze refinarias de petróleo, que juntas são
responsáveis pelo processamento de cerca de 1,7 milhão de barris de
petróleo por dia. Os especialistas afirmam que a importância das
refinarias de petróleo é tanta que estas constituem a base industrial da
Era Moderna.
O petróleo assim que é retirado do solo, porém, quase não tem
utilização alguma, mas depois de passar por diversos tratamentos
químicos e físicos, torna-se de grande utilidade. É exatamente nesse
ponto que se torna indispensável o trabalho de beneficiamento realizado
pelas refinarias.
Para realizar seu trabalho, a refinaria recebe o petróleo em sua
forma primária, o chamado óleo cru, que vem das plataformas de extração.
O transporte é feito a partir de oleodutos, sendo guardado em tanques
de armazenamento, de onde partirá para ser processado.
Uma vez armazenado, o material é submetido a diversos processos químicos. O primeiro e mais importante é a destilação,
que ocorre dentro de uma grande torre. Nela, o petróleo é aquecido em
370 graus Celsius, o que faz com que o material assuma a forma gasosa. O
resultado é uma mistura de vapor misturada com o que sobrou de petróleo
na forma líquida. Ao voltar à forma líquida, o petróleo já tem boa
parte de seus principais subprodutos separados.
A
seguir, a mistura é destilada, onde a parte gasosa sobe e a líquida
desce. O resíduo deste processo, que nunca vaporiza, é recolhido e usado
para fazer asfalto. Ao longo da torre, há vários "andares" com pratos,
que colhem partes do vapor de petróleo que esfriam e viram líquido de
novo enquanto sobem.
Os pratos retêm uma pequena parte do líquido formado. O excesso
transborda e escorre até um recipiente chamado panela, onde será
bombeada, seguindo para fora da torre por meio de dutos. O vapor de cada
subproduto do petróleo, como a gasolina e o diesel vira líquido numa
certa temperatura, atingida em "andares" diferentes da torre. Assim,
cada subproduto enche uma panela específica.
Os derivados irão a seguir para um processo de purificação em
tanques, sofrendo reações químicas para quebrar e recombinar suas
moléculas até atingirem um nível satisfatório de pureza. Da refinaria,
eles saem por oleodutos até as indústrias petroquímicas.
O que é o pré-sal?
O
termo pré-sal refere-se a um conjunto de rochas localizadas nas porções
marinhas de grande parte do litoral brasileiro, com potencial para a
geração e acúmulo de petróleo. Convencionou-se chamar de pré-sal porque
forma um intervalo de rochas que se estende por baixo de uma extensa
camada de sal, que em certas áreas da costa atinge espessuras de até
2.000m. O termo pré é utilizado porque, ao longo do tempo, essas rochas
foram sendo depositadas antes da camada de sal. A profundidade total
dessas rochas, que é a distância entre a superfície do mar e os
reservatórios de petróleo abaixo da camada de sal, pode chegar a mais de
7 mil metros.As maiores descobertas de petróleo, no Brasil,
foram feitas recentemente pela Petrobras na camada pré-sal localizada
entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo, onde se encontrou
grandes volumes de óleo leve. Na Bacia de Santos, por exemplo, o óleo já
identificado no pré-sal tem uma densidade de 28,5 API, baixa acidez e
baixo teor de enxofre. São características de um petróleo de alta
qualidade e maior valor de mercado.
Qual o volume estimado de óleo encontrado nas acumulações do pré-sal descobertas até agora?
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Os
primeiros resultados apontam para volumes muito expressivos. Para se
ter uma ideia, só a acumulação de Tupi, na Bacia de Santos, tem volumes
recuperáveis estimados entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo equivalente
(óleo mais gás). Já o poço de Guará, também na Bacia de Santos, tem
volumes de 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural, com
densidade em torno de 30 API.
As recentes descobertas na camada pré-sal são economicamente viáveis?
Com
base no resultado dos poços até agora perfurados e testados, não há
dúvida sobre a viabilidade técnica e econômica do desenvolvimento
comercial das acumulações descobertas. Os estudos técnicos já feitos
para o desenvolvimento do pré-sal, associados à mobilização de recursos
de serviços e equipamentos especializados e de logística, nos permitem
garantir o sucesso dessa empreitada. Algumas etapas importantes dessa
tarefa já foram vencidas: em maio deste ano a Petrobras iniciou o teste
de longa duração da área de Tupi, com capacidade para processar até 30
mil barris diários de petróleo. Um mês depois a Refinaria de Capuava
(Recap), em São Paulo, refinou o primeiro volume de petróleo extraído da
camada pré-sal da Bacia de Santos. É um marco histórico na indústria
petrolífera mundial.
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Quais serão as contribuições dessas grandes descobertas para o desenvolvimento nacional?
Diante
do grande crescimento previsto das atividades da companhia para os
próximos anos, tanto no pré-sal quanto nas demais áreas onde ela já
opera, a Petrobras aumentou substancialmente os recursos programados em
seu Plano de Negócios. São investimentos robustos, que garantirão a
execução de uma das mais consistentes carteiras de projetos da indústria
do petróleo no mundo. Serão novas plataformas de produção, mais de uma
centena de embarcações de apoio, além da maior frota de sondas de
perfuração a entrar em atividade nos próximos anos.
A construção
das plataformas P-55 e P-57, entre outros projetos já encomendados à
indústria naval, garantirá a ocupação dos estaleiros nacionais e de boa
parte da cadeia de bens e serviços offshore do país. Só o Plano de
Renovação de Barcos de Apoio, lançado em maio de 2008, prevê a
construção de 146 novas embarcações, com a exigência de 70% a 80% de
conteúdo nacional, a um custo total orçado em US$ 5 bilhões. A
construção de cada embarcação vai gerar cerca de 500 novos empregos
diretos e um total de 3.800 vagas para tripulantes para operar a nova
frota.
A Petrobras está preparada, tecnologicamente, para desenvolver a área do pré-sal?
Sim.
Ela está direcionando grande parte de seus esforços para a pesquisa e o
desenvolvimento tecnológico que garantirão, nos próximos anos, a
produção dessa nova fronteira exploratória. Um exemplo é o Programa
Tecnológico para o Desenvolvimento da Produção dos Reservatórios Pré-sal
(Prosal), a exemplo dos bem-sucedidos programas desenvolvidos pelo seu
Centro de Pesquisas (Cenpes), como o Procap, que viabilizou a produção
em águas profundas. Além de desenvolver tecnologia própria, a empresa
trabalha em sintonia com uma rede de universidades que contribuem para a
formação de um sólido portfólio tecnológico nacional. Em dezembro o
Cenpes já havia concluído a modelagem integrada em 3D das Bacias de
Santos, Espírito Santo e Campos, que será fundamental na exploração das
novas descobertas.
Como está a capacidade instalada da indústria para atender a essas demandas?
Esse
é outro grande desafio: a capacidade instalada da indústria de bens e
serviços ainda é insuficiente para atender às demandas previstas. Diante
disso, a Petrobras recorrerá a algumas vantagens competitivas já
identificadas, para fomentar o desenvolvimento da cadeia de suprimentos.
Graças à sua capacidade de alavancagem, pelo volume de compras, a
empresa tem condições de firmar contratos de longo prazo com seus
fornecedores. Uma garantia e tanto para um mercado em fase de expansão.
Além disso, pode antecipar contratos, dar suporte a fornecedores
estratégicos, captar recursos e atrair novos parceiros. Tudo isso
alicerçado num programa agressivo de licitações para enfrentar os
desafios de produção dos próximos anos.
Quais os trunfos da Petrobras para atuar na área do pré-sal?
Em
primeiro lugar, a inegável competência de seu corpo técnico e
gerencial, reconhecida mundialmente; a experiência acumulada no
desenvolvimento dos reservatórios em águas profundas e ultraprofundas
das outras bacias brasileiras; sua base logística instalada no país; a
sua capacidade de articulação com fornecedores de bens e serviços e com a
área acadêmica no aporte de conhecimento; e o grande interesse
econômico e tecnológico que esse desafio desperta na comunidade
científica e industrial do país.
Que semelhanças podem ser identificadas entre o que ocorreu na década de 80, na Bacia de Campos, e agora, com o pré-sal?
De
fato, as descobertas no pré-sal deixam a Petrobras em situação
semelhante à vivida na década de 80, quando foram descobertos os campos
de Albacora e Marlim, em águas profundas da Bacia de Campos. Com aqueles
campos, a Companhia identificava um modelo exploratório de rochas que
inauguraria um novo ciclo de importantes descobertas. Foi a era dos
turbiditos, rochas-reservatórios que abriram novas perspectivas à
produção de petróleo no Brasil. Com o pré-sal da Bacia de Santos,
inaugura-se, agora, novo modelo, assentado na descoberta de óleo e gás
em reservatórios carbonáticos, com características geológicas
diferentes. É o início de um novo e promissor horizonte exploratório.